terça-feira, 10 de agosto de 2010

Recordar...

Recordar será uma rúbrica mensal, publicada sempre no dia 10 de cada mês. Tem como objectivo recordar os grandes nomes do Futebol.
Para a estreia desta rúbrica decidi homenegear o rei Eusébio, pois considero o 'Pantera Negra' como o expoente máximo do nosso Futebol.

Eusébio

Eusébio da Silva Ferreira nasceu a 25 de Janeiro de 1942 em Lourenço Marques, actual Maputo, capital de Moçambique. Cedo despertou para o Futebol, tendo entrado numa pequena equipa de bairro, criada para as crianças se divertirem e se ocuparem. A humilde equipa de bairro, denominada "Os Brasileiros", em honra dos ídolos das crianças, que actuavam na 'canarinha'. A admiração dos miúdos pelos craques brasileiros era tanta, que adoptavam nomes dos jogadores do 'escrete'. No caso de Eusébio, adoptou o nome de Cid, que para muitos foi considerado o craque da selecção brasileira "pré-Pelé", um jogador de meio-campo cuja função era criar jogo. Para tornar a coisa mais séria, o 'Pantera Negra' foi então increver-se no ainda existente Grupo Desportivo de Maputo, clube no qual Mário Coluna iniciou a sua carreira, mas Eusébio não foi aceite porque tinha um problema no joelho, hoje o Desportivo ainda deve estar arrependido desta decisão... Mas a vontade de jogar à bola de Eusébio era tão grande e por isso não desisitiu, tendo sido aceite no Sporting de Lourenço Marques, filial do Sporting Clube de Portugal em Maputo. Foi de leão ao peito que Eusébio jogou até se transferir para Portugal.

Trasferência para o Sport Lisboa e Benfica

Em 1960, José Carlos Bauer, antiga glória do Futebol brasileiro, foi a Lourenço Marques observar Eusébio, e após ter diagnosticado o talento do 'Pantera Negra', indicou-o ao São Paulo, o clube tricolor paulista. Mas o clube da cidade de São Paulo não quis Eusébio, e Bauer que tanto queria ver este prodígio brilhar em grandes palcos, foi então conversar com Béla Guttman, o insquecível treinador que lançou a sua maldição ao Benfica... mais tarde falarei disso... como Béla Guttman era conhecido de José Carlos Bauer, pois tinha treinado o São Paulo e era agora treinador do Benfica, Bauer achou por bem dar a conhecer o grande Eusébio a este treinador. Guttman depressa se apercebeu que havia ali talento e então aceitou que Eusébio se transferisse para o Benfica. Mas o negócio da transferência do jovem de 18 anos ficou marcado devido á luta entre os dois rivais da 2ª Circular de Lisboa, que queriam a todo o custo o passe do 'Pantera Negra'. Mas foi o Benfica que ofereceu o melhor contrato e Eusébio rumou à Luz.
Quando chegou a Lisboa Eusébio teve uma barreira muito dura pela frente... o frio! Eusébio que sempre viveu naquele clima tropical africano, estava agora perante um Inverno rigoroso. Mas não foi só isso que mudou na vida do 'Pantera Negra' que sempre se habituou a comer bom marisco em Moçambique. Ora como o marisco em Portugal era bastante caro, Eusébio teve de baptizar um novo marisco para si, os tremoços! Citação que ficou bastante conhecida à chegada a Portugal.

Sport Lisboa e Benfica

Foi pouco antes do Natal de 1960 que Eusébio chegou a Lisboa depois de ter assinado um contrato de 350 contos com o Benfica. A sua estreia de águia ao peito deu-se no Estádio da Luz a 23 de Maio de 1961, onde marcou três dos quatro golos do Benfica num amigável com o Atlético. Portugal começava então a conhecer melhor este magnífico jogador. A fama internacional de Eusébio começa na segunda final europeia do Benfica em 1962 contra o Real Madrid. Nesse jogo Eusébio para além de marcar dois golos, fez um jogo absolutamente fantástico com as características que o iriam tornar famoso: a velocidade estonteante e o remate fortíssimo, que não era qualquer um que chutava daquela maneira numa bola muito pesada. Nesse mesmo ano, o France Football considera-o o segundo melhor jogador do mundo, atrás do inevitável Pelé, o craque do Santos. Ora com tanto brilho, começaram a surgir os convites lá de fora, com a Juventus a oferecer-lhe 16000 contos, em 1964, quando ele ganhava 300 contos no Benfica. Mas em 1964 estava o Estado Novo ao poder, e a tentação era tão grande que o governo o envia para a tropa, não permitindo que se venda um tesouro nacional desta dimensão. Com as ofertas a surgirem, o Benfica foi então obrigado a aumentar-lhe o salário para 4000 contos. No Mundial da Inglaterra 1966 é então a confirmação da estrela Eusébio, que mostrou facilidades em marcar golos, tornando-se o melhor marcador do Mundial com 9 golos, ajudando, e de que maneira, Portugal a alcançar o até hoje nunca mais alcançado 3º lugar. Eusébio e Pelé, nessa altura, eram sem dúvida grandes rivais na busca do título de melhor jogador do Mundo. Logo depois do Mundial de 66, quem voltou à carga por Eusébio foi a Juventus, parece que a "Vecchia Signora" nunca se havia esquecido do 'Pantera Negra'. Desta vez o clube de Turim ofereceu a Eusébio uma quantia exorbitante: 90000 contos! Desta vez o governo nada podia fazer para reter Eusébio na Luz, mas nesse ano surge a notícia de que os clubes italianos deixam de poder comprar jogadores estrangeiros... parecia que a carreira de Eusébio estava destinada apenas ao Benfica...
Infelizmente a carreira de Eusébio foi marcada por muitas lesões, tendo sido operado seis vezes ao joelho esquerdo e uma ao direito. Mas a sua paixão pelo Benfica era tão grande que nunca deixou de jogar, mesmo em condições dolorosas, porque sabia que o clube encarnado dependia dele e que os adeptos não aceitariam bem a sua ausência. Em Setembro de 1973 o Benfica realizou uma festa de despedida ao seu querido 'Pantera Negra', que viria a jogar até 1979.

Selecção Portuguesa

A sua primeira internacionalização foi a 8 de Outubro de 1961. A grande marca de Eusébio na selecção portuguesa é sem dúvida o Mundial de 66 na Inglaterra, onde foi a principal figura lusitana em terras de Sua Majestade. Nesse Mundial Eusébio foi a dor de cabeça das equipas que Portugal deixou para trás: Coreia do Norte, naquele jogo memorável, Hungria e a poderosa canarinha, onde figurava Pelé. Eusébio foi o melhor marcador do Campeonato do Mundo de 1966, apontando nove golos.
Eusébio despediu-se da selecção a 13 de Outubro de 1973.
Pela selecção fez 64 jogos e marcou 41 golos.

Final da carreira

Antes de pendurar as botas, Eusébio teve passagens rápidas e pouco brilhantes por equipas menores, aventurou-se pela a América e regressou a Portugal para representar o Beira-Mar. Terminou a carreira em 1979.


Em toda a sua carreira Eusébio da Silva Ferreira, o pequeno prodígio que Lourenço Marques viu nascer, marcou 733 golos em 745 jogos, uma marca fabulosa! Mas certamente que essa extraordinária marca ainda se elevou mais, porque ao contrário de outros jogadores de fama internacional, Eusébio não contabilizou os golos realizados no Sporting de Lourenço Marques.

Clubes que representou: Sporting de Lourenço Marques; Benfica; Rhode Island Oceaneers(Estados Unidos); Boston Minutemen(Estados Unidos); Monterrey(México); Beira-Mar; Toronto Metros-Croatia(Canadá); Las Vegas Quicksilvers(Estados Unidos); New Jersey Americans(Estados Unidos); União de Tomar.

Títulos: Benfica- Taça dos Campeões Europeus(1961,1962), 11 Campeonatos de Portugal, 5 Taças de Portugal, 5 Taças de Honra.

Títulos individuais: Melhor Marcador do Campeonato do Mundo de 1966 (9 golos); 7 vezes melhor marcador do campeonato português.
                                Venceu por duas vezes a Bota de Ouro; Prémio de Melhor jogador da Europa (1966)


É com muito orgulho que os portugueses se devem lembrar do trabalho de Eusébio que levou o nosso país a todos os cantos do Mundo. Ainda nos tempos que correm Eusébio é essencial para a nossa selecção nacional, pois recordo-me que no ferveroso jogo contra a Inglaterra no Europeu de 2004 no Estádio da Luz, Eusébio, com a sua famosa toalha branca da sorte, encorajou Ricardo a fazer aquilo que fez.
Eusébio é sem dúvida nenhuma o símbolo do Desporto Nacional, e penso que o vai continuar a ser, pois hoje em dia não sei quem o vá bater, porque Eusébio tinha a melhor característica do Desporto: o amor à camisola.

Fiquem com alguns dos momentos mágicos que Eusébio, o 'Pantera Negra', protagonizou.


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